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Foto do escritorMiguel Fernández

Sacolas, sacos e outras bobagens (da série me-engana-que-eu-gosto)

Hoje ouvi no rádio do carro que a partir do dia 27jun2019, os supermercados do estado do Rio de Janeiro não poderão mais fornecer sacolas de plástico (polietileno) à clientela, em nome da salvação do planeta. Os que insistirem ou não obedecerem serão multados em R$ 34.000 reais, disse o locutor da JB.

Parece que nos sacos do arroz, do feijão, do açúcar, as garrafas plásticas dos refrigerantes, da água sanitária, os copinhos de iogurte, as embalagens a vácuo das carnes continua podendo esse plástico.

Fiquei esperando alguma medida adicional e mais efetiva de preocupações com o planeta mas, não houve menção a controle de natalidade nem a aumento de área, logo entendi... nesse ponto sempre acho que perdi uma parte da história ou não nos contaram ou nos acham idiotas... e é possível que tenham razão.

Até a década de 1960, os cascos das garrafas com cerveja, com refrigerante, com leite, enfim todos os vidros voltavam para as engarrafadoras, onde eram devidamente lavados e reutilizados, as embalagens dos granéis era com sacos de papel, tínhamos recipientes para ir busca-los na padaria, no açougue, no armazém. Junto com os mercados de auto serviço (self-service super markets, yes!) surgiram as embalagens “sem retorno” (one-way, yes!), os cartões de crédito (sem dinheiro, sem troco).

Em 1972 ou 73, com Médici na presidência, cheguei a escrever uma carta publicada na extinta revista Visão (de Henry Maksoud), reclamando que esses, então, novos hábitos dos “descartáveis” geravam um, a meu ver desnecessário, aumento do lixo, da poluição. Achava que ninguém me dera atenção ou que eu não entendia de “tempos modernos”.

Entretanto vejo que não foi assim. Finalmente ouviram meus clamores e, além dos copos de geléia aproveitados para servir água aos de casa (não às visitas, exceto na casa de meu querido amigo Paulo Rogério), vamos agora proibir umas e reciclar outras sacolas e dormir com a consciência tranquila do dever cumprido. Se o planeta não der certo, a culpa não será nossa companheiro(a). Afinal, fizemos o que pudemos: fomos comunistas, passamos a socialistas, a verdes, enquanto não arranjamos nada melhor posamos de defensores das diversidades (embora isso conflite com a visão estalinista das coisas de nosso tempo comunista e nos deixe sem dormir de confusos).

Voltando à notícia do rádio, e os sacos de sal, de farinha, será que a lei ou portaria, enfim, esclarece a diferença entre sacola e saco (sem maldade por favor)? E porque? Também fiquei curioso: em como essa multa terá sido estipulada em 34.000? por dia? Por mês? Qual o critério de cálculo? Foi aprovado pelo CRA? Será por supermercado? Por loja? A fiscalização vai “ameaçar aplicar” uma multa por dia e outra por noite? Afinal empresário é rico mesmo e o fiscal fala em nome do Estado, logo é ”o bem” contra o mal”, o “bom” contra “o mau”. Fui pesquisar e o autor da lei anti-sacola, 45 anos depois dos cascos “sem retorno” foi o deputado Carlos Minc Baumfeld (ex PV, ex PT e atual PSB, geógrafo, professor, ambientalista, politico, ex guerrilheiro e economista, universidade de Paris, de Lisboa, etc, segundo o Google), entendi, acho.

Lei é lei e está aí para ser cumprida. Até porque evita pensar.

Conhecendo o eleitorado, sem sacolinhas para reutilizar, vai sobrar para o cocô dos cachorros. Cada vez que pisar em um vai ser impossível não lembrar do Minc. Ele que me desculpe.

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