Era janeiro de 2021 e o mundo parecia estar saindo de uma semi-paralisação, que vinha desde mar2020, provocada pelo combate à pandemia COVID19, agravado pelo estardalhaço que os meios de comunicação e a indústria da saúde armaram com o vírus que lhe dava origem (o SarsCOV-2). Na prática, ainda não havia vacinas liberadas no mundo.
No Brasil, a vacinação veio a começar em fins de fevereiro21, com a CoronaVac, de origem chinesa (da SinoVac), feita com vírus atenuado, diluída e engarrafada pelo instituto Butantan. Depois veio a AstraZeneca, de origem inglesa, envolvendo DNA do vírus, que passou a ser produzida pela FIOCRUZ. Em seguida as da Pfizer (também com modificações celulares no vírus) e que, no Brasil, não sei bem porquê, me parece, foi a que acabou predominando. Mundo afora a da Moderna, a da Jansen, a Sputinik (russa, parece que muito usada na Argentina), outra Indiana. etc.
Voltando ao início, o recuo dos casos por volta de out-nov2020, e a população entre se conformando em ter que conviver com a epidemia, e voltando a se habituar com a normalidade da morte, foi o suficiente para que, em dez2020, alguns voos internacionais fossem retomados.
Então, eu, autor destas letras, o engº Silio e o Geólogo Newton, fomos a Angola, a trabalho, fazer uma visita de campo. Tratava-se do projeto de uma barragem para captar 1m3/s de água para irrigar um empreendimento de plantio de grãos na Provincia do Malanje, na região do Quizenga-Lutete, uns 400km a Leste de Luanda, mais ou menos na mesma latitude.
Obrigação profissional é que nem guerra ou hospital: tem que ir e não se discute. Se enfermar enfermou, se morrer, morreu, se viver, viveu. Mas cumpriu sua parte na sociedade.
Como os voos Brasil-Angola permaneciam suspensos, saímos do Rio com passagem ida-e-volta pela TAP, via Lisboa, numa 5ª feira 07jan à noite. Baldeamos em Lisboa para chegar à noite do dia 08jan em Luanda. Umas 24h de viagem. Todos com máscaras o tempo todo, protocolo exigido para minimizar o bafo e a possível contaminação de uns de uns aos outros.
No aeroporto de Luanda a rotina era conferir que todos tinham “testado negativo” para COVID19 antes de embarcar e apreender os passaportes para que as pessoas ficassem confinadas em “quarentena de sete dias”, cada um anotando a sua temperatura corporal duas vezes por dia.
Do aeroporto fomos conduzidos ao bairro de Maianga, a um razoavelmente amplo e confortável apartamento, em uma construção nova com um edifício residencial e um de escritórios (conjunto Imporáfrica), para esse isolamento por 7 lindos dias, ao cabo dos quais se fazia “outro exame” (desta vez de sangue) e se aguardava o resultado por 24horas. para ver se estávamos livres do apavorante vírus.
Foi nesses dias que soubemos (pelo “zap”) da morte, no Brasil, dos colegas engenheiros Leizer Lerner (com uns 85 anos, no Rio) e do Paulo Pena de Moraes (com uns 70, em Belo Horizonte), aparentemente com a COVID19, fica o registro.
Em que pese as dificuldades culinárias, exacerbadas pela mania do colega geólogo em colocar mostarda em tudo, até em molho de macarrão, o “razoavelmente confortável” fica por conta de algumas garrafas de uísque “Jameson” e de gim “Tanqueray”, sabiamente supridas pela equipe do cliente, porque os passaportes estavam retidos e não podíamos sair à rua sob pena de prisão e, com muita sorte, deportação.
Notava-se um certo sadismo de parte das pessoas em apavorar as outras especialmente quando percebiam que a outra era do tipo apavorável, ou seja, preocupada e que não saía da frente da televisão acreditando em tudo que se dizia, inclusive nas incoerências. Talvez pela ausência de assunto, alguns se esmeravam em tentar apavorar os visitantes recém-chegados. Nem precisavam falar da COVID19, todos tinham histórias mirabolantes de Febre Amarela, Ebola, Tifo, Tsé-Tsé (a doença do sono), enfim...
Disse “outro exame” (o de sangue após 7 dias em Luanda) porque para embarcar havia que “testar negativo” menos de 48 horas antes, em um exame que consistia em retirar secreção das narinas com um comprido palito com algodão na ponta em operação muito desagradável pois o palito longo era para ir bem fundo nas narinas. Nessa operação de coleta de secreção nasal entendi que não resisto a uma tortura com esse palitinho e confesso o que quiserem. Daí concluo sobre a inutilidade da tortura de fato para colher informações. É mero sadismo. Como estou registrando tudo isso para a posteridade, após a coleta de material no nariz havia que esperar umas 12 horas, no mínimo, pelo resultado
Voltando a Luanda, os sete dias, iniciados num sábado, terminavam numa 6ª feira, quando a coleta de sangue foi feita pela manhã, mas como os fins de semana são sagrados para os burocratas, o resultado só saía na 2ª feira seguinte, dia 18jan e só seriamos liberados ao meio dia mais ou menos, quando fomos colocados em um veículo tipo “SUV” (tipo Toyota Hylux 4x4), com mais um companheiro, o Edward, técnico em construções argentino que também dividira o apartamento de Luanda conosco.
Em outro SUV parecida, seguiam outros tantos 5 ou 6 técnicos para o mesmo destino: a FAZENDA QUIZENGA.
Uma torre de Babel esse trabalho: predominavam angolanos (óbvio), argentinos (o projeto agrícola e a coordenação geral era argentino) e portugueses. Além deles, nós três brasileiros, um americano, um sul-africano, um espanhol e a fiscalização egípcio-libanesa.
Estrada razoavelmente boa (exceto uns 25km mas já em reparos!), asfaltada, sem lombadas nem físicas nem eletrônicas, o que, por si só já era maravilhoso. Não foi difícil percorrer os primeiros 200km, passando por paisagens de certa forma monótonas, porque repetitivas, uma vegetação tipo cerrado / caatinga com destaque à onipresença de “baobás”, aquela árvore que o Saint-Exupéry imortalizou na ilustração da capa do Pequeno Príncipe.
Então, no meio do nada, a uns 200km de Luanda, um posto do exército angolano fazendo as vezes de Polícia Rodoviária. Parada para inspeção de papéis, aí incluídos os testes negativos do COVID19. Ônibus, caminhões, carros, motos, enfim, uma certa balbúrdia mas não muita. A coisa era mais ou menos organizada, ou pelo menos havia bastantes agentes para atender o movimento, formando filinhas de 3 ou 4 pessoas no máximo.
Parada providencial pois também servia para esticar as pernas, um xixi, um cigarrinho, uma foto disfarçada com o “celular”, essas coisas. Em 15 minutos estávamos voltando para a SUV e eu ainda fumava um cigarrinho quando vi o nosso geólogo Newton armado de uma máquina fotográfica daquelas profissionais, com teleobjetiva e tudo, documentando o local. Instintivamente fui em sua direção para sugerir não ostentar a máquina. Não deu tempo!
Antes que eu chegasse nele, um soldadinho angolano devidamente fardado e equipado “deteve” o Newton levando-o para dentro da casa que servia de “destacamento”: não se podia fotografar instalações militares!
Não adiantou tentar argumentar que não sabíamos.
_ “Está detido e o tenente encarregado deste destacamento vai interrogá-lo”.
Tudo em bom português, ou seja, entendíamos tudo, e na América Latina essa frase “a polícia vai interrogar você” dá uma certa apreensão, não é?
Mas só entendíamos quando eles queriam, quando não, era uma linguagem local impossível de entender, o que começou a preocupar mais pois ao não se conseguir entender tudo, sente-se mais estrangeiro aumentando a insegurança, o receio, o medo.
Foi com um misto de apreensão e receio no rosto que o Newton foi conduzido a um aposento do destacamento, seguido por mim que resolvi me arvorar de responsável pelo “grupo” para depois não ser acusado de desertor nem de abandono de incapazes eh, eh.... O nosso motorista, também foi “detido”, “preso”. Eram dois detidos e um querendo bancar o herói, o “bacana”, eu.
Para não preocupar demais o leitor, fomos detidos em um cômodo tipo sala de aula ou treinamento, com aquelas cadeiras típicas, com uma prancheta rebatível para escrever com o braço direito, os canhotos que se virem. Ou seja, nada de celas cinematográficas cheias de ratos, outros presos ameaçadores, ou fétidas ou fantasmagóricas. Cheguei a pensar em divagar por aí mas não quero denegrir a turma civilizada que encontramos lá (e que tem em qualquer lugar menos na imaginação dos roteiristas de cinema, sempre sombrios, sempre optando pelo terror ou quasi).
Bom, uma vez “confinados” na sala do interrogatório, ficava o soldado que “prendeu” o Newton zanzando para lá e para cá, com o ak-47 no ombro, enquanto não decidiam o que fazer conosco, para desespero de Cláudio, um argentino encarregado da nossa logística em Angola: em Luanda, no transporte e no acampamento onde iriamos ficar. O Cláudio já se inteirara da confusão e estava em busca de um culpado. Parece que funcionava assim.
Esse Cláudio talvez fosse um caso de “stress-do-embarcado” ou seja, já devia estar por lá por mais tempo do que podia suportar. Notava-se claramente uma certa irritação em quase tudo que fazia ou deixava de fazer. Isso mesmo, até no que não fazia, se aborrecia. Exemplifico:
Houve um episódio que resolvemos sem precisar dele e se irritou porque não foi acionado. O Newton, pessoa simpaticíssima e excelente profissional, não era um companheiro de viajem fácil. Só o conheci no aeroporto pois foi levado pelo Silio. Já no embarque tinha a maior mala de nós três, talvez a maior do avião e ainda por cima era vermelha, parecia maior. Certamente maior que a minha e a do Silio juntas.
Além disso tentou embarcar com uma garrafa de 1 litro de álcool para ir desinfetando as mãos, paranóia associada ao combate à covid19, e seu martelo de geólogo. Estava tudo na mala manual, disparou o alarme do raios-x, o martelo pontiagudo foi considerado arma branca e transportada “sub judice” pelo piloto. Para completar, no desembarque em Luanda, sem se dar conta, pegou uma outra mala “vermelha” que não era a sua, só percebendo depois que o dono da mala acionou a TAP e esta teve de nos achar e providenciar a troca, tudo já no dia seguinte! Ou seja, viajar com o Newton é emoção pura.
Mas voltemos à sala do interrogatório: finalmente entrou o sargento Gomes, um negro-preto-azulmarinho, atlético, sério, estatura média (1,65 a 1,70m) seus 50 anos, uniforme-do-dia impecável (bermuda e camisa-manga-curta) tudo com vinco e insígnias, até perfumado estava, unhas feitas, e... descalço!
Não foi preciso ninguém me explicar. Por volta de 2010 conheci um senhor assim, em São Luiz do Maranhão, na CAEMA (Cia. Águas e Esgotos do MA), que atendia por “pé-no-chão”. Sentia-se melhor descalço, não se habituava a usar sapatos. Mas foi uma surpresa. Para não confundir os personagens, resolvi chamar este sargento de “pé-descalço”, vai que ainda resolvo escrever uma crônica sobre o igualmente limpíssimo e arrumadíssimo servidor público e líder comunitário maranhense...
Explicou que o tenente não estava disponível e que ele faria o “interrogatório” e “instauraria o processo”. Pela cara do Sargento, a cara do Cabo e a cara do Soldado até hoje acho curiosa a explicação sobre o tenente não estar “disponível”. Ou estava dormindo ou fazendo algo que podia, mas não devia, ou devia, mas não podia, enfim, era nítido que estavam acobertando o colega e superior. No mínimo poupando-o daquela burocracia.
Pé-descalço sentou-se à mesa do professor de quando a sala fosse de aula, abriu uma pasta e dela tirou uma resma de papel almaço (acertei o português?). Eu não via papel almaço desde que terminara a universidade, fazia uns 50 anos. Dobrou a margem esquerda do papel almaço a uns 2,5cm da borda, igualzinho minhas professoras obrigavam a gente a fazer no primário e minha mãe em casa... gente igual à gente... comecei a confiar que o interrogatório ia dar certo.
Mas ao olhar para o Newton vi que ele não compartilhava minha confiança, até suando frio estava. Afinal, já tinham apreendido a máquina fotográfica profissional dele, prejuízo de uns 3 mil dólares.
Começou então a “audiência”, com o sargento fazendo um discurso organizado sobre as dificuldades de impor ordem e respeito num país novo, numa sociedade que ainda não sabe lidar com o coletivo, numa república que ainda tem muito de costumes coloniais, numa nação socialista, com desigualdades, com pobreza, mas que está a caminho da dignidade, que as perspectivas são alentadoras, que o camponês, o operário, o proletariado, vão vencer, etc, etc... Percebia-se imediatamente, pelo linguajar-vocabulário que além de ser sargento do exército devia ser também da hierarquia do “partido”. A cartilha é a mesma no mundo todo.
Por fim, explicou o “delito” em que o Newton e o motorista da van, haviam incorrido pois cabia ao motorista, angolano, conhecedor das leis, usos e costumes locais, não ter deixado acontecer o que aconteceu, não fosse o diligente soldado a impedir.
Quis interromper para falar algo sobre como estávamos ali orgulhosos em colaborar com o desenvolvimento de Angola, mas fui bruscamente interrompido pelo sargento:
_ o senhor aguarde eu lhe perguntar algo para falar. E Pou !!!
Calado fiquei com as minhas falações demagógicas. Devia ter começado chamando o sargento de “camarada sargento”, nos identificamos como trabalhadores, blá, blá....
Bom, nesse ponto a audiência passou a “interrogatório”:
_ Seu Nome? E o Newton resolve soletrar N-E-W-T-O-N (novembro, eco, wiskie, tango, oscar, novembro), vou repetir: N de nair, E de ernesto, W de dábliu, Tê de ... nesse ponto o sargento interrompeu e perguntou:
_ “o da maçã ?”
Gostei. Passei a ADMIRAR o sargento: irônico, sacana e direto ao assunto, colocou-nos no nosso lugar sem proselitismo: só isso: “O da maçã?”
No pequeno silêncio que se seguiu parece que eu lia os pensamentos do sargento: “seus idiotas brancos, acham que não tenho cultura, que vou escrever Niuton? E se escrever Niuton é porque eu quis e danem-se vocês”.
No sobrenome já não teve maiores problemas. O Niuton não soletrou “Carvalho”.
O Sgto: _ Data de nascimento? O Newton: _ 20ago1956
O Sgto: _ Enderêço? O Newton: _ Rua São Clemente 248, Rio de Janeiro
O Sgto: _ Onde fica isso? , O Newton: _ cidade do Rio de Janeiro, Brasil
O Sgto se irritando: Eu ouvi não precisa repetir, “quer” saber o bairro.
O Newton: Botafogo (até hoje estamos curiosos do porque desse detalhe)
O Sgto: _ Estado Civil? O Newton: _ desquitado
O Sgto, irritado e levantando o tom: : _ o quê?
O Newton, de novo, baixinho, já morrendo de medo de outra bronca: _ desquitado!
O Sargento irritado: _O que é isso?
Silêncio (o Newton não atina que é divorciado)
de repente, o sargento “explica” a pergunta: _ “quer” saber se tem filhos...
_ O Newton balbuciando: _ tenho duas filhas, uma com 33 e outra com 28 anos
_ O Sargento já menos irritado: _ ah, então é casado!
_ E eu, baixinho no ouvido do Newton: acho que êle gostou de você... A intenção era desanuviar o ambiente, mas o Newton interpretou de outra forma e começou a ficar mais pálido.... temi que fosse desmaiar.
Quando entendi o porquê do nervosismo do Newton aumentar, comecei a ter que prender o riso e isso não é fácil. Ainda mais naquelas circunstâncias. Pra quê fui falar isso? Mas, com grande profissionalismo, de ator consagrado, consegui segurar o riso sem que o pessoal notasse e quisesse saber o motivo.
Enfim, mais duas ou três perguntas ao Newton o interrogatório passou para o motorista e ia tudo bem até a pergunta fatídica:
_ O sgto: Estado civil?
_ o motorista: dois filhos!
Todos achamos correta a resposta haja visto o diálogo anterior. Todos menos o PéDescalço, que ficou brabo:
_ ó idiota, tu eres casado ou não. Responde-me o que te pergunto!
Faço aqui um intervalo para explicar a quem nunca foi a Angola: Lá se fala um português que, nós brasileiros, achamos que é o de Portugal mas os portugueses acham que é o do Brasil
e o motorista: _ estamos juntos já há dez anos mas....
e o sargento interrompendo e se exaltando mais: _ e porque não te casas? por isso, por coisas assim e gente como tu o país não se organiza... a família é o núcleo de organização da sociedade, e blá, e blá e Angola só vai melhorar quando as pessoas como tú se conscientizarem de que precisam seguir regras, ter disciplina, as crianças saberem que tem pai e mães, etc, etc..
Enquanto eu refletia sobre que raio de socialismo-comunismo se pratica hoje em dia no mundo, e que eu e Marx precisamos nos adaptar e/ou aculturar, se passaram inacreditáveis 10 a 15 minutos de sermão para o motorista. Já estava vendo a hora que o sargento ia mandar buscar a mulher do motorista em Luanda e celebrar o matrimonio ali mesmo, na marra. Mas como tudo tem limites, depois da catequese os assuntos se esgotaram por si só e fomos liberados.
Ao saírmos para fora dos muros da casa, vi o Silio filmando tudo “disfarçadamente” com seu telefone móvel. Parecia um agente secreto do “corra-que-a-policia-vem-aí” ou de “os trapalhões”. Temi pelo pior: vai começar tudo outra vez! Mas todos fingiram que não viram e adentramos a SUV. A parada de 20 minutos havia se transformado em 2h20. Reiniciamos o trajeto com o Newton muito triste pois sua máquina ficou apreendida mas aliviado. Aliviadissimo...
Rodamos uns 5 minutos e o telefone celular do motorista-solteiro-com-dois-filhos tocou. Ainda estávamos em área de cobertura. Era uma ordem para voltarmos! O tenente encarregado do destacamento havia aparecido e estava tomando conhecimento do problema. Agora é que o Newton ia ser preso mesmo.
O Cláudio, na outra SUV, estava a ponto de ter um enfarte. Como o chamado de volta era só para a nossa van (o motorista e o Newton), resolveu não voltar, nos abandonando à própria sorte, com um olharzinho sádico, antegozando nossa desgraça. Só não abria a boca porque sabia que podia “queimar a língua” e não iríamos perdoa-lo. Em especial o Edward, irritadíssimo com as posturas do Cláudio.
Qual não foi nossa surpresa quando o soldadinho que “prendera” o Newton se aproximou de nós e comunicou que a máquina fotográfica estava apagada e liberada, o tenente não nos queria ver e era só. Antes que alguém mudasse de idéia, meia-volta-volver e seguimos viagem. Umas 3 horas depois, sendo umas duas horas já de noite, mas sem sobressaltos, acabamos chegando ao acampamento de obra construído por antecessores. Era 2ª feira 18jan2021.
As aventuras e desventuras dos dias que se seguiram, ficam para outra(s) crônica(s). Nossa volta ao brasil foi saindo de Luanda na noite da 5ª feira 28jan2021 pela Air France, via aeroporto Charles DeGaulle – Paris com 18 horas de espera para a conexão ao Rio no dia 29jan e chegada ao Rio sábado 30jan às 9h30. Tudo porque a TAP cancelou os voos a partir do dia 24jan (o nosso estava programado para o dia 28jan) alegando a pandemia. Registre-se também que nosso cliente nos deu atenção, conseguindo esses bilhetes de volta, em cima da hora, sabe-se lá como.
Porque os franceses pensavam diferente dos portugueses e mantinham os voos, saberemos, ou não, dentro de uns 20 anos. São coisas que “nem Freud explica”.
Fico aqui pensando com meus botões, na próxima passada pelo posto do exército-policia angolano vou procurar o PéDescalço, e puxar um assunto sobre Freud, o Froide. Êle certamente vai começar esclarecendo, “o do sofá”?
Miguel Fernández, engenheiro consultor, cronista e articulista (jul-dez2022Re)
muito legal