Recentemente (jan2020) os jornais noticiaram declaração do ministro Paulo Guedes, sobre criar um imposto do “Pecado”.
Segundo o noticiário, o ministro se referiu a cigarros, bebidas alcoólicas, açúcar(!), etc.
Não citou artes, livros, sexo e sacanagem mas preocupei-me. Camisinha passará a ser taxada como pecado ou como supérfluo?
Deve ter sido combinado com Damares, que ao propor a abstinência transforma a camisinha em pecado e em supérfluo ao mesmo tempo. E ainda dizem que o governo está batendo cabeça! Tá tudo orquestrado!
Lembrei de uma frase que vi “pixada” no banheiro do restaurante Alvaro’s, no Leblon, no Rio, em meados dos anos 70, quando o engenheiro Mário Henrique Simonsen estava ministro da fazenda e / ou do planejamento, mandava muito, e criou um imposto sobre o “supérfluo” que atingia, entre outras coisas, o uísque, o cigarro e barcos de recreio. A frase era:
“o poder embriaga, aí o uísque é supérfluo, ass. M H Simonsen”
Como o Simonsen era um inveterado fumante e conhecido apreciador de uísque (entre outras coisas) a gozação era sensacional, e estar no banheiro, era o deboche supremo (a censura não deixaria na imprensa).
Pecados e supérfluos podem ser supérfluos e pecados para quem não os curte ou não precisa mas, para aqueles que vivem disso, de produzir coisas ditas supérfluas (agora coisas pecaminosas), dos que dependem dos empregos que os ditos supérfluos e pecados geram, não tem graça nenhuma.
A “ACCOBAR” vive dizendo, com propriedade, que a construção de barcos de recreio é supertaxada no Brasil, porque se estabeleceu que ter um barco é luxo, esquecendo os milhares de empregos que gera, não só na construção mas na operação e na manutenção desses barcos de recreio, e que, assim como os cassinos, a turma acaba tendo barcos lá fora e jogando fora (literalmente) recursos e empregos que poderiam ser nossos, além de afastar a classe média desses mercados, transformando idas a outros países num desejo coletivo permanente.
É possível que a idéia do Guedes não passe no congresso já que os pecados envolvem a luxúria, a soberba, a gula, o não roubarás e por aí afora, e vai acabar taxando demais o pessoal do judiciário, do legislativo e do executivo e ninguém dá tiro no pé de propósito, ficando aqui o aviso.
E, ironia, presidentes ditos militares (Bolsonaro & Geisel), com ministros ditos liberais (Simonsen & Guedes).
Não vai dar certo ou há muita mentira. Compatibilidade de militar com liberais é pouco crível. Ou não é milico ou não é liberal.
Miguel Fernández y Fernández,
Engenheiro, cronista e liberal (autêntico)
Rio de Janeiro, publicado na Revista ENGENHARIA n°643 mai2020, pág.86.


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