top of page
Buscar

Adeus a um engenheiro

  • Foto do escritor: Miguel Fernández
    Miguel Fernández
  • 6 de out.
  • 2 min de leitura

Conhecemos Renato em março de 1966, como colega de sala, na Escola Nacional de Engenharia do Fundão. Foram quase 59 anos de convívio.

No velório do seu sócio, engenheiro Mário Aurélio, acho que em 2010, o Renato, sem me avisar, talvez porque eu fora o “orador” da formatura da turma, em 1970, bem ao seu estilo, me passou a palavra para falar, como engenheiro, ao engenheiro que nos deixava.

A surpresa e a emoção, me embargaram a voz e TRAVEI.

Hoje, dia seis de dezembro de 2023, nesta missa de 7ª dia, LENDO, pretendo não repetir o “mico” daquele dia, e ao mesmo tempo, atender às ordens do Renato que, tenho certeza, repetiria:

FALA AI ALGUMA COISA PELOS ENGENHEIROS !

Vamos lá... Na verdade, somos OPERÁRIOS.

Engenheiros-Operários ou Operários-Engenheiros, mas OPERÁRIOS!

Desde a faculdade, comemos em bandejões, andamos em ônibus, batemos ponto, moramos modestamente, vestimos modestamente, fizemos só o que dava pra fazer.

Tínhamos e temos nossos ideais: ajudar o mundo a melhorar, fazendo COISAS PRÁTICAS. COISAS concretas, com a mão na massa, nas plantações, nos fios, nas engrenagens, nos tijolos, no cimento na terra e no asfalto.

COISAS, às vezes, até abstratas (programações por exemplo), mas COISAS práticas.

Sem desmerecer a atividade de ninguém, ENGENHEIRO, é aquele cidadão com nível superior de instrução, que faz COISAS PRÁTICAS, COISAS ÚTEIS! Que suja pés e mão, sempre que necessário.  Nossas guerras são todos os dias.

Só depois de fazer muitas coisas o engenheiro se dá o direito de, então, apreciar artes, bancar o mecenas, com a consciência tranqüila, por estar usando do que construiu, do que plantou, do que ordenhou, do que guardou. Do que deixou de gastar. Ás vezes com rispidez, mas sempre com objetivos maiores e pelo bem comum.

Vimos Renato engenheirando, produzindo, criando riqueza, sendo operário-chefe, fazendo acontecer! Ora brigando, ora afagando. Duro e generoso.

Uma vez que nos aborrecemos, e lhe falei que um colega me dissera que eu continuava seu amigo porque ainda não tinha feito negócios com êle, aborreceu-se mais ainda, querendo saber quem dissera aquilo. Com a intervenção de sua companheira de vida, a Dra. Lurdinha, acalmou-se e em menos de dez minutos estávamos os dois rindo juntos. 

Renato veio de baixo. Muito católico, sua ascensão foi merecida, cavada e construída degrau a degrau. Todos aqui são testemunha disso.

E eu me orgulho muito da amizade construída, desde o primeiro ano do curso de engenharia.

Hoje, nos despedimos do Renato de carne-e-osso, celebrando a vida produtiva que ele soube trilhar, indo com o sentimento do dever cumprido, mostrando que o trabalho constrói, que abre caminhos e que recompensa. Que a engenharia é um sacerdócio e é gratificante a quem a abraça como missão.

Obrigado Renato por mostrar esse caminho a tanta gente, aos seus descendentes, aos nossos e a quantos que ouvirem falar de você e de sua viagem nesta espaçonave.

A gente se vê ai em cima. Vai preparando o terreno. Até logo.

 

P.S: Lido na missa de 7º dia do engenheiro Renato Ribeiro Abreu, em Niterói, RJ


Miguel Fernández y Fernández, engenheiro, cronista e articulista, membro da Academia Nacional de Engenharia e do Instituto de Engenharia # escrito em 2023dez01 Re2025set,   2.835 toques leitura: 3,5 minutos

ree

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
Aos meus e aos seus

Em cada um de nós há um pouco dos pais, dos avós, dos antepassados. O que é, para um pai, uma mãe ou um avô, ver um filho(a) fazendo as mesmas coisas que lembra ter feito? As mesmas bobagens, os mes

 
 
 
Lamentos fazem diferença?

Sempre gostei e gosto de dizer, que o maior grupo de comunicação brasileiro, é carioca como eu. Competentes como muitos cariocas de muitas profissões. Trata-se das Organizações Roberto Marinho, o Gr

 
 
 
Como nossos Pais (parte 01)

Notou a mulher com mais vida, mais entusiasmada, mais “ligada”, mais alegre, chegou a ficar um pouco preocupado, seria outro? Por meio das dúvidas, ligou as antenas!  Mas, como não notou nenhum sina

 
 
 

Comentários


  • Imagem1
  • Google Places - Círculo preto
  • Facebook Black Round

© 2025 Engº Miguel Fernández y Fernández

bottom of page