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  • Foto do escritorMiguel Fernández

Ciúmes étnicos 3, Nisseis

Atualizado: 7 de jun. de 2023

Meu amigo Rafael, por volta de 1972 a 73, na época solteiro, 25anos, na flor da idade, trabalhava na antiga COMASP (hoje SABESP) ali na “rampa” do Conjunto Nacional, enorme edifício que ocupa um quarteirão na esquina da Av Paulista com a Rua Augusta e Alameda Santos.


Determinado dia começou a trabalhar ali, na função de recepcionista / secretária do João Yamada, então diretor técnico, uma nissei linda de chamar atenção, altiva e encantadora. Digamos que se chamasse Mitiko (20 a 21 anos). Todos os homens do Conjunto Nacional se agitaram. Todos é força de expressão pois sempre há o assunto de “gêneros, números e graus”. Portanto nem todos, como foi o caso de um outro nissei então com uns 27 ou 28 anos. Vamos chama-lo de Tony K.


Com o passar do tempo, o Rafael (que não era nissei), começou a sair com a Mitiko. O casal entendeu que ainda não convinha contar para os colegas de trabalho e mantinham o assunto em segredo. Determinado fim de semana “esticado”, Rafael e Mitiko resolvem ir ao Rio de Janeiro e se hospedam no hotel Olinda na Av. Atlantica. No primeiro dia, após a praia de praxe, vão jantar no Fiorentina, badalado local no Leme tido como um “point”. Por ser “point”, incluía a paulistada e a mineirada de visita.

Quando estão no último talharim, tipo “Lady e Vagabundo”, são interrompidos em voz alta e alvoroçada, pelo Tony K que, “surpresa”, também estava no Rio e também estava lá. Ô acaso! Ô azar!


Visivelmente transtornado por ter visto o “casal”, “soltava a franga” tomando “satisfações” por os dois estarem namorando “escondido”, se a mãe dela sabia, que êle ia contar, um barraco inacreditável. As mesas vizinha inicialmente se assustaram mas ao entenderem a cena de “ciúmes”, começaram a rir.


Passado o surto (e o susto), Tony avaliou melhor a situação e, como diria?, “evadiu-se”.

Após um tempão, as mesas no entorno ainda fingindo que não estavam olhando, o casal ainda não acreditando bem no que tinha ocorrido, começam a rir de repente, um começando a acusar o outro de provocar ciúmes.


A caminhada de volta ao hotel parecia de dois bêbados. No caso, bêbados de tanto rir. A ponto de os dois só conseguirem namorar no dia seguinte.


Voltando a São Paulo, Tony K contou para todo mundo mesmo, inclusive para os pais da Mitiko e armou uma cara dali pra diante com o Rafael que chegava a ser constrangedor. Durante uns dois anos foi assim.


Não sei mais dêles desde então. Ela acabou se tornando aeromoça de linha internacional para o Japão e uns anos depois, quando a encontrei casualmente, pela última vez, em um aeroporto no estrangeiro, continuava encantando e hipnotizando os ambientes por onde desfilava (foi uma das precursoras do ditado “mulher não anda, desfila”).


Me pareceu muito feliz e alegre. Não quis perguntar de que etnia era o felizardo. Nem ela me perguntou sobre o Rafael ou se ele continuava sendo assediado...


Miguel Fernández y Fernández, engenheiro consultor e articulista / cronista,

escrito em ago2015, 2.850 caracteres & espaços

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