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Estrangeirismos / IA ou AI ?

  • Foto do escritor: Miguel Fernández
    Miguel Fernández
  • há 9 horas
  • 3 min de leitura

Reconheço que os idiomas influenciam uns aos outros.

Reconheço que o inglês se tornou o “esperanto” do mercado financeiro e do comércio internacional e nem vale a pena discutir isso, além de usar muitos termos-abreviados e palavras práticas, como A.S.A.P., OK, “Help”. O mesmo se dá para palavras novas, criadas e/ou adaptadas para atender demandas das novidades tecnológicas, como por exemplo “blogue” que não deixa de ser um “diário para os outros lerem” (web-log, abreviou para blog). Seria “registro”? A primeira língua que criar / divulgar, vai ficar valendo.

Não se pode negar que, o R.S.V.P. e o “merde” do francês, o “ciao” do italiano, o “quizás” do espanhol, eternizado pelo negro americano Nat King Cole, e outros termos que parecem feitos para determinadas coisas ou momentos, todos os adotamos “numa boa”.

Mas estrangeirismos desnecessários, no nosso português, me incomodam. Não chego ao ponto de dizer “ludopédio”, mas não gosto da aceitação submissa do estrangeirismo.

Ainda mais quando usados, sem necessidade, sem graça, por limitação cultural (falta de vocabulário) ou como esnobismo subserviente, mesmo sem se dar conta.

Porque falar “tsunami” que, ao que parece, muitas línguas, na falta de termo próprio, adotaram do japonês, se no nosso português temos o “maremoto”?

Será que um “delivery” chega mais rápido que uma “entrega”?

E o “eqüity”, dito em mesas de negociação em vez de “aporte de capital”, só para impressionar os participantes?

E quando os tamanhos são ditos em “polegadas”, que nem sistema decimal é?

São expositores, com o complexo de vira-latas (*) que assola o país, para quem, se a narrativa, for em língua estrangeira, qualquer bobagem parece inteligente.

Como corolário, a mania de citar “especialistas” e “cientistas” estrangeiros, para dar respaldo a opiniões “da hora” (“da moda”), quase nunca questionadas, mas adotadas pelas tribos a que cada um quer pertencer ou aparecer: o “aquecimento global”, as “vacinas que fazem mal”, “o terraplanismo”, as “fake news” (sempre dos outros), e por aí.

Então, minha viagem a São Paulo, neste início da primavera de 2025, em um voo da LATAM, começou mal: foi só o avião estabilizar na altitude de cruzeiro e o piloto bradar no microfone para todos ouvirem: “tripulação: dez mil pés”. Como esses voos são regulados pela ANAC, ficou explícito que o governo brasileiro nada faz contra esses colonialismos culturais, embora fique esbravejando nossa “autodeterminação”, o nosso “orgulho”.

Mas a viagem “valeu”.

Além de rever diletos amigos e colegas, participei de um encontro-seminário da ANE - Academia Nacional de Engenharia, no centenário IE - Instituto de Engenharia, para homenagear alguns estudantes de engenharia que submeteram trabalhos, a um concurso promovido pela ANE, e foram selecionados. Assisti também algumas palestras interessantes.

“Valeu” pela palestra do Engº Lawrence que, já octogenário, externou sua paixão pela vida e pela carreira de engenheiro e “motivador”, contagiando e emocionando a plateia, inclusive a ele mesmo, chegando a embargar a voz (descobri que não sou o único com essa reação): “a engenharia é para servir à humanidade”, “e se desligarem o wi-fi”?, “estamos na geração internet ou na idade da internet?”

“Valeu” também pela apresentação de uma estudante do ITA, que ganhara um dos prêmios, a Maria Antônia. Segura na apresentação (assunto de controle e instrumentação de pequenos cultivos), com uma rara precisão de linguagem, do nosso português e do seu conhecimento: sempre que seria para falar Inteligência Artificial (IA), que é uma bobagem midiática internacional “da moda”, pois isso não existe, ela evitou, e falou Automação Inteligente (AI). Afinal, quem vai criar as “condições de contorno”, quem vai selecionar alternativas? E fez isso umas dez vezes. A-d-o-r-e-i.

Concluí que, apesar de tudo, a vida inteligente e a nossa cultura, vão sobreviver!



(*) Nelson Rodrigues em 1958: < entendo por “complexo de vira-latas” a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo >.



Miguel Fernández y Fernández, engenheiro, cronista e articulista, membro da Academia Nacional de Engenharia e do Instituto de Engenharia # escrito em  2025set23 R2025outRf, 4.070 toques.

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