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Vade Mecum, parte 4 Antonio Vicente, o penal

  • Foto do escritor: Miguel Fernández
    Miguel Fernández
  • há 17 horas
  • 3 min de leitura

O Antonio Vicente era menos sofisticado. Percebia-se que queria transmitir o que aprendera independente de glórias. Se fosse no anonimato, tudo bem. Vaidade baixa.

Um professor simples e brilhante, de um assunto embora frequente em romances, dramas, teatro, reportagens e cinema, sob muitos aspectos desconhecido. Até porque, é nitidamente freqüente, que quando a história que lhe dá origem não coincide com o “glamour” e / ou o viés interpretativo que o narrador lhe quer dar.

Essa seara da literatura, que trata das transgressões da lei e da ordem, normalmente não precisa de ficção pois a realidade é mais incrível, mais fantasiosa. Os roteiristas esquecem de avisar que, embora numerosos, os anti-sociais são excessões na humanidade. Ou então querem fazer crer que tudo é porque o anti-social tem razão em função de alguma injustiça. Transformam as exceções em regra. É uma indústria.

Ficar sabendo dos recursos que os advogados usam para influenciar os jurados, sem a ajuda dos roteiristas de cinema pode ser muito mais interessante, mas pode não se enquadrar em nenhuma tribo ou crença de igrejas ou partidos políticos querendo ser politicamente corretos.

Então, o aluno fica sabendo que, em um júri de um rico contra um pobre, o advogado do pobre, se falar primeiro, vai dizer que seu cliente não pode pagar um advogado famoso e brilhante, como o da outra parte, só lhe restando “êle”, que mal se formou e nem tem experiência, nem dinheiro para comprar livros, que vai ficar sem dormir para o resto da vida por não ter sabido defender um inocente, e por aí vai... e o júri costuma penalizar-se e dar ganho de causa. 

O aluno fica sabendo também, que essa argumentação falaciosa, do coitadinho do advogadinho, tem um efeito colateral, que obriga o advogado do menos pobre, se for o primeiro a falar, dizer ao júri que já sabe o que o outro vai falar, e contar a ladainha ou distribuir um texto a todos dizendo o que o outro advogado vai teatralizar, para tentar diminuir o prejuízo.

É uma janela do mundo real, que as pessoas não estão habituadas e que os alunos se vão calejando.

Outro tema marcante, que a turma ficou sabendo pelo Antonio Vicente: que os presídios masculinos têm filas de espera de mulheres para visitar detentos, que mal conhecem, ou sequer conhecem, inclusive e principalmente, visando casar-se com os detentos. E que nos presídios femininos não vai quase ninguém, fora do círculo familiar próximo, muito menos para casar, muito menos com desconhecidas.

Coisa de brasileiras e brasileiros? Não!

As estatísticas são idênticas em todos os presídios: nas américas, ai incluídos EUA e Canadá, Europa latina, Europa anglo-saxonica, URSS, China, Índia, África (norte sul leste e oeste), Oriente Médio, cristãos, muçulmanos, budistas e agnósticos, pretos brancos e amarelos.

Teses de mestrado e doutorado a respeito eram abundantes e inconclusivas, talvez por quererem evitar o politicamente incorreto, aceitar que mulheres e homens são duas tribos.

Já pensou se alguém levanta a hipótese de que as mulheres querem casar com presos para ter certeza de que seu parceiro está lá guardadinho e não a está traindo nem vá fugir? E que o vice-versa não se aplica? Em qual setor do DNA estaria esse código? Haveria vacina? Com RNA mensageiro?



Miguel Fernández y Fernández, engenheiro, cronista e articulista, membro da Academia Nacional de Engenharia e do Instituto de Engenharia # escrito em 2024nov/dez R2025dezRd,  3.244 toques

 
 
 

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